Grupo Vento Forte estréia no próximo domingo, dia 12 de agosto, no Teatro Ruth Escobar, o espetáculo PORTAL DAS MARAVILHAS, do grupo Vento Forte. Com criação e direção do diretor e dramaturgo Ilo Krugli, o espetáculo é formado por quatro estórias. O diretor usa o mesmo formato das pequenas intervenções que serviam como entremeio dos espetáculos realizados no século XVII, sendo que das quatro estórias, duas delas foram adaptadas da obra de Cervantes. Como diz o diretor, «é um teatro de bonecos visitando Don Quixote e que acaba sempre em pancadaria». Trata-se de um teatro virtual onde as figuras não existem, como na obra de Cervantes. «No primeiro, destruímos o teatro e no segundo destruímos o público, num teatro que só poderia ser visto por pessoas bem casadas, de boa linhagem e que não eram negros nem judeus, explica Ilo».
Ainda segundo Ilo Krugli, as outras duas estórias são mais próximas de nossa realidade e não tão alegóricas. Numa delas a representação procura reproduzir um teatro que se fazia no Brasil, durante a época da colonização. Este texto foi escrito por Ilo, inspirado numa pesquisa realizada pelo jornalista Alberto Diniz, publicada em livro. E, finalmente, a que recebeu o nome de Castelo de Cartas, inspirada na passagem do cantor e compositor Geraldo Vandré, quando o mesmo esteve preso no Chile de Pinochet, na época do golpe de estado, mesma época em que Ilo Krugli lá esteve preso, em 1973. Segundo o diretor, esta cena é inspirada num fato real, onde um jovem brasileiro, Luiz Martins, ao voltar ao seu apartamento naqueles dias que se sucederam ao golpe foi morto pela polícia política chilena. «Eu nunca consegui falar direito sobre isso, somente agora. Logo em seguida vim para o Brasil, em plena ditadura militar, e aqui dei início ao meu trabalho em teatro», ressalta. E acrescenta ainda, «outro caso histórico que serviu de material para a criação deste episódio foi o fato de não se saber direito o que teria acontecido com a guarda pessoal de Allende. Eu estava preso no mesmo quartel e presenciei muitos deles estirados durante horas no chão, sem poder se mexer. Ali ficaram sendo motivo de chacota dos militares e com toda certeza foram fuzilados».
Apesar das referências históricas recentes, Portal das Maravilhas é uma peça onde o sujeito da cena é o próprio teatro e a sua significação para a sociedade. Este é o tema principal do espetáculo.
